sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Steve Jobs desafia o Google e o iPad domina os negócios

Na mais recente divulgação de resultados da Apple, a empresa revelou três informações de extrema relevância para o mundo da tecnologia: um, seus lucros trimestrais ultrapassaram, pela primeira vez, a marca de US$ 20 bilhões; dois, o iPad e o iPhone estão alcançando penetração sem precendentes dentre as organizações que integram a lista da Fortune 500; três, Steve Jobs atacou, abertamente, a estratégia móvel do Google e a tecnologia Android, classificando-a como extremamente complicada para os desenvolvedores, egoísta e insincera.

     
Os comentários de Jobs são cruciais não só por seu status como CEO de uma das mais bem sucedidas e icônicas empresas do mundo, mas porque os produtos e a filosofia Apple têm se dissipado - do mercado pessoal para o corporativo - e afetando profundamente a forma como CIOs moldam suas estratégias para os próximos anos. Há algum tempo escrevemos um artigo abordado a guerra declarada por Jobs contra o Google. Na ocasião, o CEO da Apple se aproveitou para declarar porque ele acredita que a sua companhia deve superar a gigante de buscas no mercado móvel:
"Durante a teleconferência de divulgação de resultados da Apple com seus analistas, Jobs destacava, ostensivamente, o primeiro trimestre da empresa valendo US$ 2 bilhões - com certeza um acontecimento marcante - e, uma observação mais cuidadosa sobre seus comentários demonstram que ele se aproveitou de uma situação em que todas as atenções estavam voltadas a ele para massacrar o Google de diversas formas:
  • O volume de ativação diária do Google, que Jobs diz que a Apple ultrapassa, hoje, por quase 40%;
  • O volume de aplicativos na loja do Google, que Jobs diz que a Apple ultrapassa, hoje, por 220%;
  • A zombaria do Google sobre a plataforma fechada da Apple, que Jobs disse que é um comentário adequado para um esgoto a céu aberto;
  • O tratamento que o Google dá a seus desenvolvedores, que Jobs diz que os força a gastar mais tempo testando e ajustando 244 versões individuais do Android, contra 2 da Apple;
  • A propagação de quatro diferentes versões da loja de aplicativos do Google, contra a única App Store da Apple;
  • A propensão do Google a forçar seus consumidores a se tornarem integradores, o que Jobs diz que vai contra o foco da Apple, que busca sempre o melhor para seus consumidores - uma filosofia que, de acordo com Steve Jobs, garante que "o usuário não é obrigado a se tornar um integrador de sistemas"; e
  • A falta de prontidão do Google com o Android para tablet, o que Jobs diz ter resultado no anúncio do Google aos seus desenvolvedores para não criarem para a atual versão Froyo, e sim para esperarem pela nova versão, específica para tablet, que deve ser lançada em 2011." (Fim do excerto.)
No mesmo artigo, falamos também sobre porque os argumentos de Jobs representam muito mais do que meras alfinetadas entre duas grandes e poderosas empresas:
"Para os CIOs, esses não são comentários aleatórios dos ricos e poderosos - mas sim, uma espiada no futuro do que pode muito bem se tornar o principal foco de suas estratégias de TI: os dispositivos móveis, que estão se transformando em ferramentas geradoras de renda em tempo real, não apenas para as equipes de venda, mas também para muitos dos funcionários da área de marketing. Em tal contexto, os comentários de Jobs sobre os produtos do Google, suas estratégias e sua consideração por seus consumidores e desenvolvedores ganham muita importância enquanto começamos a planejar, ou aceleramos os planejamentos, de nossas estratégias móveis de tecnologia do negócio centradas no consumidor."
Seria tolice minha pensar na Apple como uma mera empresa que vende música e celulares bonitinhos para crianças. Porque, por mais que ela seja essa empresa, tal descrição seria tão válida quanto dizer que tudo que a IBM faz é vender mainframes. Em se tratando de computação corporativa, comparar onde a empresa de Jobs esteve e onde está agora, representa um perfil bem diferente do destino seu destino.

Como prova disso, aqui está uma perspectiva sobre a velocidade com que grandes empresas estão adotando iPads e iPhones como novas ferramentas estratégicas. Esses detalhes serão acompanhados de alguns comentários feitos por Steve Jobs e por Tim Cook, COO da Apple, durante a teleconferência de divulgação de resultados:
"Com pilotos no iPad ou implantações acontecendo em 65% do Fortune 100 e o iPhone predominando em mais de 80% do Fortune 500, a Apple vem acabando com as diferenças entre dispositivos domésticos e profissionais e forçando CIOs a confrontar uma questão simples: você está preparado para aderir e levar adiante essa revolução na filosofia de TI ou vai lutar contra?"
"...Vamos olhar para aqueles números mais uma vez: no Fortune 100, dois terços estão testando ou implementando iPads - e o dispositivo não tem meio ano de vida! - Há alguma coisa poderosa acontecendo aqui ou CIOs e CEOs de mais de 65 grandes empresas, por todo o mundo, enlouqueceram de repente?"
O que Jobs e Cook disseram a respeito: "Bem, está claro que o iPad irá afetar o mercado de notebooks", disse o CEO durante a teleconferência. "E eu acredito que o iPad comprove que não é uma questão de "se", mas uma questão de "quando", e eu acredito que muito progresso e desenvolvimento deve acontecer nos próximos anos. Mas já estamos presenciando um grande interesse no iPad na área da educação e, para minha surpresa, no mundo corporativo", completou.
"Não o estamos forçando para o mundo corporativo, ele está sendo puxado de nossas mãos. E eu converso com pessoas todos os dias, em todo tipo de negócio que já usa o iPad, desde de diretores, até médicos e enfermeiros e outros negócios. Portanto, quanto mais o tempo passa, mais me convenço de que temos algo realmente poderoso em mãos. É um novo modelo de computação que, por ser derivado do iPhone, já tem muita gente pronta para usar. E isso se adapta a diferentes aspectos da vida, tanto pessoal quanto educacional e profissional."
"Eu não sei vocês, mas eu nunca vi penetração como essa na minha vida corporativa", afirmou Tim Cook, chefe de operações da Apple. "E, para falar a verdade, nos criamos e estamos criando capacidade interna adicional na área de vendas para atender os negócios". O executivo enfatizou, também, que o mercado corporativo nunca foi o foco da fabricante, e que a empresa quer garantir que essa nova onda de consumidores corporativos tenha uma ótima experiência com seus produtos. "Não se trata de um hobby ou de um assunto leviano. Estamos dedicando muita energia - em engenharia e software - para desenvolver diversas funções corporativas em nosso SO", acrescenta.

E, é claro, não é apenas uma questão de tecnologia - nunca é. Com o iPad, em especial, CIOs têm a chance de realizar aquela antiga promessa de entregar à empresa não só funcionalidade e eficiência, mas também inovação, mais valor de negócio e o poder de fascinar seus consumidores. O tablet ajuda o usuário a ir além da produtividade - aplicando tecnologia a algo que você já sabe como fazer e entregando resultados mais eficientes - para o reino da inovação, ao permitir que as pessoas criem novas maneiras de ver as coisas, novas maneiras de apresentar ideias, novas maneiras de se comunicar e novas maneiras de entregar praticamente todo tipo mensurável de informações, desde gráficos de negócio, passando por imagens, textos, até vídeos.
No mundo corporativo, acredito que no período de um ano, veremos iPads como a principal ferramenta de ação corporativa, permitindo que empresas equipem não só seus funcionários, mas também seus clientes e consumidores com um dispositivo que expande as possibilidades de envolvimento dos parceiros do negócio de forma mais rica e significativa.
Acredito que veremos algumas empresas mais ousadas comprando iPads tanto para seus funcionários, como também para alguns de seus clientes, porque, dessa forma, as ideias mais criativas da equipe de vendas podem ser compartilhadas com clientes e prospectos. É uma ideia absurda? Com certeza. Mas também é um absurdo se considerarmos o sucesso de vendas que a Apple vive com o iPad, em que até mesmo uma empresa do porte da Apple, que tem uma das melhores equipes de especialistas em cadeia de suprimento do mundo, foi incapaz de fabricar dispositivos suficientes para suprir a demanda.
Na última década, CIOs eram, geralmente, perdoados por serem seguidores - mesmo aqueles mais cautelosos, com um ou dois anos de atraso. Mas esses dias acabaram. Talvez a Apple e o iPad não sejam o melhor para seu negócio - tudo bem. Mas mobilidade, elegante e poderosa, com certeza é. E a necessidade de desencadear inovação por toda a empresa também. Assim como o poder de ser capaz de operar em tempo real está se tornando indispensável.
Portanto, se você encontrar ferramentas que entreguem toda essa eficiência que a Apple entrega, agarre-as. Apenas não fique sem fazer nada - é loucura.

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